quarta-feira, 28 de julho de 2010

Anjo do desassossego




Sempre envolvido nos problemas dos outros, por vezes esquecia-se dos seus.
Sempre dividido entre o bem e o mal, o dever e o fazer, a cabeça e o coração, o amor e a paixão.
Fragilidade de mulher num corpo forte de homem.
Sentia tudo… sempre… a dobrar…
Sentia por ele e pelos outros.
Sentia demais, e por isso sentia-se fraco, até para amar.
Começou a pensar, não com a cabeça mas com o coração.
Deixou o amor partir e entregou-se a uma paixão.
O peso que trazia às costas não ajudava em nada e tudo piorou quando ouviu a voz da sua amada:
“És falso! Os anjos não têm asas!”
Destroçado com tamanha crueldade arrancou-as sem nada temer e, esvaindo-se em sangue, transformou-se finalmente naquilo que sempre esteve destinado a ser.

3 comentários:

  1. O homem no seu espaço tem a capacidade de abraçar os dois conceitos: bem e mal, e sofre sempre a dobrar não fosse os céus os os infernos uma invenção sua.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Acho que o homem só sofre a dobrar quando se sente dividido, o que felizmente nem sempre acontece ...para o bem ou para o mal...

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