terça-feira, 26 de abril de 2011

Caminho



Caminho
Rumo ao incerto
Com a certeza de que nada levo na bagagem a não ser tudo
Tudo o que fui semeando ao longo dos anos
Espero colher em breve
Passam os dias, os meses, os anos,
O tempo continua ameno
Assim como a vontade de querer sempre o que não se tem,
O que não se pode ter
Pode-se ter tudo, pode-se querer tudo
Neste mundo de sonhos encontro alguma paz nos pesadelos
A realidade mata-me lentamente
A irrealidade desperta-me os sentidos
Caminhando sigo o meu caminho
Ora cheio, ora vazio
De mim e de ti
E sinto que morri
Para renascer novamente

domingo, 24 de abril de 2011

Livre


Habituados à escuridão de uma noite sem dormir, os seus olhos começaram a pestanejar aos primeiros indícios da manhã. O sol ainda nem tinha acordado, mas o azul já havia começava a romper o negro e a esconder as estrelas... O corpo cansado recusava-se a colaborar e sair da cama, começava a parecer uma empreitada demasiado ambiciosa. Tinha sonhado com estas férias durante meses. Sonhos reconfortantes com os pequenos privilégios dos que não cumprem horários e diante dos quais os dias se estendem intermináveis. Imagens que o tinham ajudado a suportar o trabalho enfadonho e forçado e a aturar as conversas de chacha sobre futebol e mulheres fáceis dos colegas, enquanto fazia a contagem decrescente dos dias que faltavam... Estaria livre disso tudo em breve... 

E agora, apenas 3 dias depois, da varanda do quarto de hotel que alugara na praia, tudo parecia vazio e insignificante. Tudo perdera rapidamente o brilho e o calor. Tinha querido fugir da cidade, ir para onde não o conhecessem, viver dos pequenos prazeres dos dias de verão - o sol, o mar, os livros, os cantos das gaivotas, o toque da areia, os cheiros dos jardins e os sons da praia e das esplanadas...

Tinha-se esquecido que, mesmo longe de casa, os fantasmas não tiram férias. A angústia continuava a adormecer enroscada no seu peito, as unhas cravadas bem fundo, o abraço frio da solidão não se esquecia de o envolver onde quer que fosse, para mostrar a todos que lhe pertencia e o desespero mantinha a costumeira emissão em estéreo na sua cabeça - pensamentos negros e perturbantes a todas as horas do dia.. 

Ao fim do segundo dia, as pessoas começavam a tornar-se tóxicas e difíceis de suportar- as brincadeiras barulhentas dos miúdos, as gargalhadas e as conversas animadas, as trocas de afecto entre namorados.... O mundo ignorava-o constantemente. Não havia espaço para ele. Tinha tentado de tudo para ser "igual" aos outros, mas o seu caminho tinha sido sempre o mais ermo possível, sempre no sítio errada à hora errada, sempre com a piada que ninguém ouviu, o comentário que ninguém percebeu, o sorriso mal-entendido. Apenas um rosto na multidão, que não se distingue dos demais, por ser demasiado igual ou fácil de esquecer.

Inspirou o cheiro a maresia uma última vez, entrou no quarto e sentou-se na cadeira de palhinha ao lado da cama.. Acendeu um cigarro e fumou-o na penumbra, em silêncio, como passara a  maior parte da sua vida.

A última coisa que ouviu foi um estalo ensurdecedor, quando a bala abriu caminho até ao cérebro... Estava livre - os fantasmas só assombram os vivos e a dor só a tem quem ainda deseja ter o que não pode.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

SONO_IV



Jota está de rastos. Nunca se sentiu tão desanimado como agora.
Sai de casa e dirige-se para o sítio do costume. Ao chegar à estação de comboios vai direito ao café, onde vê Nina, Manecas e o Sr. Anselmo, todos em amena cavaqueira, numa pausa para o café.
O Sr. Anselmo vê-o chegar. Repara no seu ar abatido e num tom irónico diz-lhe:
- Bom dia, alegria!
Jota tenta esboçar um sorriso, mas não consegue. Todos reparam no seu olhar triste.
- Francamente, Sr. Anselmo! Não devia ser tão mauzinho! – Nina está furiosa.
Manecas não faz nenhum comentário. Limita-se a observar Jota, enquanto pensa:
Coitado do rapaz! Agora é que ele perdeu mesmo o ânimo todo. Para além de estar a voltar ao que era, aquele seu olhar vazio, também está triste. Mas o que é que lhe terá acontecido no outro dia?
Jota pergunta a Nina quantos recheios diferentes têm as bolas de berlim.
- Ena! Estou a ver que gostaste. E tu que nem querias provar. Tenho uma data deles. O recheio tradicional com canela, mista com ou sem creme, chocolate, manteiga de amendoim, natas, queijo philadelphia…
Jota interrompe-a e pede-lhe:
- Quero levar duas de cada em caixas separadas, se faz favor.
Nina sorri-lhe satisfeita e começa a despachar o pedido.
- E, enquanto espero, aproveito para lhes agradecer tudo o que têm feito por mim, e para me despedir.
- O QUÊ?! – gritam os três espantados ao mesmo tempo. O Sr. Anselmo acrescenta logo de seguida:
- Porquê?!
- Porque desisto!
- Não podes fazer isso! – diz-lhe Nina com ar preocupado.
- Posso, devo, e é o que eu vou fazer.
- Mas não devias! – Nina passa de preocupada a irritada.
- Porquê?
- Porque adormeceste pela 1ª vez em toda a tua vida no dia em que a viste. Isso deve querer dizer alguma coisa! E se ela voltar a aparecer?! – lembra-se Nina de repente.
- Não volta! Sinto que a assustei da outra vez e que por isso mesmo ela não volta a aparecer aqui na estação.
- E as rondas que tens feito nas redondezas? – pergunta-lhe Manecas.
- Acabaram-se.
- Mas afinal o que é que te aconteceu? – Manecas continua intrigado com o que lhe terá acontecido no dia em que apareceu com um olho negro e a deitar sangue do nariz.
Jota percebe que os amigos continuam curiosos em relação ao que lhe aconteceu e decide contar-lhes a verdade.
- O que lá vai lá vai, e não há nada a fazer, mas acho que merecem saber o que me aconteceu.
E Jota relata os acontecimentos dos dias anteriores.
Fala-lhes dos caminhos de terra batida que encontrou, da estrada interminável, do cruzamento que não o levou a lado nenhum e até mesmo do caminho do meio, que pensava ser o correcto. Mas depois da valente tareia que apanhou dum matulão e da maneira como conseguiu escapar aos rufias do bairro, parece-lhe ser impossível lá voltar, porque eles se uniram para guardar as ruas e ruelas do bairro inteiro.
Quanto Jota acaba de contar as suas aventuras, o pequeno grupo, até então calado, assim se mantém, por breves momentos.
Estão todos com ar intrigado e pensativo.
O Sr. Anselmo é o primeiro a quebrar o silêncio:
- Precisam de soluções? Olhem para o mapa das estações.
- Desculpe?! – agora é Jota quem fala.
E o Sr. Anselmo volta a falar:
- Por estranho que possa parecer, a tua “Estranha” vai aqui aparecer, amanhã, ainda antes do anoitecer.
- Desculpe, mas não o estou a perceber. – Jota está a ficar com um ar impaciente.
- Dizer isto até me arrepia, mas a tua “Estranha” tem a mania de fazer uma estação por dia.
- Mas o que é que você está para aí a dizer? – Jota perde a calma e compostura habitual e nota-se que está a ficar exaltado.
Manecas chega-se perto dele, põe-lhe as mãos nos ombros e diz-lhe baixinho:
- Calma Jota. Acho que estou a perceber. Deixa-me confirmar se estarei certo.
Olha para o Sr. Anselmo e diz-lhe o seguinte:
- Vamos lá ver se percebi Sr. Anselmo. Está a querer dizer-nos que a “Estranha” só aparece nesta estação de 12 em 12 dias, que é o número de estações que esta linha de comboios tem. Ou seja, pelas suas contas, ela vai reaparecer aqui amanhã durante o dia?
O Sr. Anselmo esboça-lhe um sorriso seco, afirma que sim com a cabeça, olha para Jota e diz:
- E posto isto, tenho dito. – e vai-se embora.
Jota começa a fazer contas de cabeça e diz-lhes:
- Mas isso é impossível! O que ele acabou de dizer não faz sentido. Já se passaram mais de 12 dias desde que a vi pela 1ª vez.
- O que tu estás para aí a dizer é que é impossível. O Sr. Anselmo nunca se engana a fazer cálculos. Se ele diz que são 12 dias é porque são mesmo 12 dias.
- E se eu te disser que é o meu 16º dia de buscas sem resultado?!
Ficam os três em silêncio, com um ar pensativo e interrogativo a olharem uns para os outros.
O ar pensativo de Manecas começa-se a descontrair e o pequeno sorriso que se começa a notar, alastra-se até um sorriso enorme de orelha a orelha, seguido de uma sonora gargalhada.
- Olha, passou-se! – diz Nina com ar espantado.
E Manecas começa então a explicar:
- E se eu lhes disser que estão os dois certos?
Nina interrompe-o logo para lhe dizer que ele ficou doido de vez. Manecas ignora este comentário e continua o seu raciocínio.
- Basta o Sr. Anselmo não ter contado com os fins-de-semana. E o Jota contou-os porque nunca falhou um dia de buscas, – olha para Jota e acrescenta – sem resultado, certo?
- Isso assim quer dizer que ela vai voltar a aparecer amanhã?! – O olhar triste de Jota desaparece por um breve momento ao dizer isto, e é substituído por um inconfundível brilhozinho nos olhos.
- Podes ter a certeza! O Sr. Anselmo pode ser muito esquisito e ter aquela maneira caricata de falar, mas com cálculos e números nunca se engana.
Jota ainda não sabe se acredita no que acaba de ouvir e olha para Manecas, à espera de uma confirmação. Manecas percebe que Jota tem dúvidas em relação ao assunto. Põe o ar mais sério que consegue e acena afirmativamente com a cabeça.
Jota guarda as duas caixas cheias de bolas de berlim e pede a conta a Nina.
Ainda tenho que me encontrar com o Hugo “Boss” para lhe dar estas delícias.
Está a pensar isto quando Nina o assusta de repente. A rapariga começa a gritar eufórica porque se lembra que na última vez que viu a “Estranha” na estação, Manecas encontrou um dos seus girassóis. Foi no mesmo dia em que Jota a viu pela 1ª e única vez até à data. Nina reparou que ela saiu apressada. Algo estranho, porque ela costumava ter sempre um passo lento e um ar muito calmo. Alguém lhe deu um encontrão e ela deixou cair a sacola onde traz sempre um molho de girassóis. Apanhou-os apressadamente, mas deixou ficar um esquecido no chão. Manecas apanhou-o com a intenção de lho devolver, mas no meio da confusão, perdeu-a de vista. Então, guardou-o num copo alto com água, que pediu emprestado a Nina, na pequena sala dos Perdidos e Achados. É uma sala pequena, com uma janela, onde bate o sol durante grande parte do dia. Manecas adora o cheiro que o girassol liberta. Acha que é reconfortante e sente que o acalma. O Sr. Anselmo que não sente nada, nem sequer o cheiro, costuma dizer-lhe:
- Rapaz, ganha mas é juízo, porque já tens idade para isso.
Nina também não sente nada, mas não se atreve a gozar com o amigo.
- Nina, ainda bem que te lembraste do girassol perdido, porque eu já me esquecia outra vez de lhe dizer. Olha vou sair mais cedo, aproveito e mudo de roupa. – Põe o braço à volta do pescoço de Jota e começa a puxá-lo. – Vamos lá?
- Vais sair mais cedo?
- Vou Nina. Tenho ensaio antes do concerto. – Manecas olha para ela com ar chateado. – Não me digas que te esqueceste!
Nina sorri para ele e encolhe os ombros. Manecas não resiste ao sorriso e sorri também.
Os dois afastam-se do café e caminham em direcção à pequena sala.
- Concerto? Tens uma banda?
- Não é uma banda, é um grupo de percussão. Não deves saber, mas não ambiciono ser segurança para sempre. O meu sonho é ser percussionista profissional.
Jota fica admirado com esta revelação, mas depois lembra-se de já ter visto Manecas a andar de bicicleta pela rua, com um djambé pendurado às costas.
- Vê lá se apareces. É na Praça Central às 21h00.
Jota, que já está a pensar noutras coisas, nem se lembra de lhe responder. Manecas repara na falta de resposta, mas não liga. Já o conhece e sabe que esta é uma reacção normal da parte dele.
Quando Jota entra na pequena sala, reconhece de imediato aquele cheiro tão distinto dos girassóis. Inspira devagarinho até sentir que o peito lhe vai rebentar com tanto ar.
- Aqui está ele! Cheira tão bem! É estranho como é que o cheiro se mantém durante tanto tempo.
E ao dizer isto começa a despir a farda para trocar de roupa.
Jota olha para ele e fica vidrado. Manecas começa a sentir-se incomodado quando repara no olhar fixo de Jota no seu corpo. Jota percebe o incómodo que está a provocar no amigo e diz-lhe:
- Desculpa, mas não consigo deixar de olhar.
- Não me digas que nunca tinhas visto tatuagens?! – diz Manecas em tom de brincadeira, mas sem conseguir disfarçar o incómodo que sente, pois não percebe porque é que Jota está a olhar para ele daquela maneira.
- Devias ser nadador-salvador.
- Desculpa?!
- Para poderes mostrar a toda a gente que tens um excelente físico.
- Obrigado! Manecas não sabe se deve agradecer, e como não estava à espera de tanta sinceridade, sente-se corar.
- Além disso, bem decorado. As tuas tatuagens são magníficas.
Manecas tem tatuagens tribais no corpo inteiro, que não se vêem quando tem a farda de trabalho vestida.

Mais tarde, Manecas conta tudo isto a Nina e ela exclama logo:
- Não me digas que ele se estava a fazer a ti! Olha, por essa é que eu não esperava! Eu que espero sempre tudo de toda a gente! Essa escapou-me, não sei como!
- Oh Nina! Que disparate! Lá estás tu a inventar!
- És muito ingénuo, realmente!
- Por acaso até nem sou. Mas ele é.
- Chama-lhe isso…
- Sabes os comentários inocentes que as crianças costumam fazer quando gostam ou não das coisas?
- Das coisas? Que coisas?
- Sei lá! De qualquer coisa. A sinceridade com que falam sobre tudo…
- Olha que as criancinhas não são todas assim.
- Está bem. Estou a falar da maioria. Foi isso que os comentários do Jota me fizeram lembrar.
- Achas que é atrasado?
- Não Nina! É apenas sincero como as crianças, é ingénuo e não tem maldade nenhuma no que diz.
- E?
- E foi bizarro! Senti-me apreciado, de um ponto de vista estético e…
Nina começa a rir divertida e interrompe-lhe o raciocínio:
- Não me digas que afinal tu é que te começaste a fazer a ele?!
- Pára lá com isso, Nina. Não houve nenhuma tensão sexual. Foi como se estivesse a falar com um irmão. Embora um irmão não aprecie, ou pelo menos não fale disso, na beleza do outro.
- Já percebi. Foi como se tivesses sido elogiado pela tua irmã ou pela tua melhor amiga. Por mim, por exemplo…
Manecas sente-se embaraçado ao ouvir isto, porque desde que Jota insinuou que ele estaria apaixonado pela amiga, que não consegue parar de pensar nela. E não é como melhor amiga, nem como irmã. Sente a atracção por si crescer de dia para dia. Não sabe o que lhe há-de responder, e é com enorme alívio que ouve o apito de um comboio e vê uma pequena multidão invadir o átrio da estação. Aproveita para lhe dizer “Até Já!”, enquanto algumas pessoas se dirigem ao café.

Já está vestido com as suas roupas. Veste calças de ganga, uma t-shirt estampada e tem calçados uns ténis confortáveis. Só lhe falta arranjar o cabelo, ou, neste caso, despenteá-lo. Quando saem da pequena sala, Manecas já vem com uma pequena crista, que encheu de gel e que nunca se nota, quando está a trabalhar, porque a penteia com risco ao lado. Despedem-se.
Jota apanha o comboio para o emprego. Sabe que não vai encontrar Hugo “Boss” porque ainda é cedo, mas quer lá ir deixar-lhe uma das caixas com as bolas de berlim. Tira uma caneta da mochila e escreve no papel que está a embrulhar a caixa:
“A partir de agora a Nina é a nossa “boleira” oficial. Tenho novidades. Até amanhã.”
Chega a casa e sente a ansiedade a crescer dentro de si.
Será que ela vai mesmo aparecer amanhã? Será que me vai reconhecer? E se isso acontecer? O que é que eu lhe digo? E se a vejo matar mais alguém? Não, ela não pode andar a matar pessoas a torto e a direito! Ou será que pode?! Deve ter sido coincidência. E se não foi?
Sorri.
Bem, é melhor tentar parar de pensar nela. Não vale a pena fazer planos na minha cabeça a tentar imaginar o que irá acontecer amanhã, porque bem posso pensar em todas as hipóteses possíveis e imaginárias, que me irá sempre escapar aquela que irá acontecer. É sempre assim. E amanhã não há-de ser diferente… Ah, mas deixa-me lá pensar no que é que eu gostava que acontecesse realmente… hum…
Está novamente a sorrir. Abre a porta do frigorífico para tirar uma cerveja preta, mas assim que fecha a porta, cai redondo no chão.
Desta vez foi tudo muito repentino. Não se sentiu zonzo, nem com tonturas, nem confuso. Não sentiu o sono a aproximar-se de si. Adormeceu instantaneamente como se alguém lhe tivesse dado uma valente paulada na cabeça. E ali ficou caído no chão, com uma garrafa de cerveja preta partida ao seu lado. E desta vez não dorme durante 8 horas seguidas. Dorme durante mais tempo. Tanto tempo, que perde o tão aguardado regresso da “Estranha” à estação de comboios.
Acorda assustado, à beira do pânico, mas ao mesmo tempo maravilhado com os sonhos que teve. Sente-se ainda mais atordoado e confuso com esta 2ª experiência do que da 1ª vez.
Adormeci e sonhei pela 2ª vez. Mas como?! Porquê?! Não a vi… ou será que vi e não me lembro?! Ou será que ela me viu a mim?!
E lembra-se de na altura ter pensado que sabia, sem saber como, que tinha sido a “Estranha” a provocar-lhe o sono.
Afinal estava enganado. Não é ela, são os girassóis!
Toma um duche rápido, veste-se, come qualquer coisa, pega na mochila e sai apressado em direcção à estação. No caminho sente-se doente.
Estou tão cansado!
Para além do cansaço, Jota está confuso e baralhado. Não consegue pensar. Tem a cabeça num turbilhão. Dói-lhe o corpo todo e está agoniado.