sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ESTRANHOS




Parece que só me conheces quando estamos sós
Mas já nem a sós sinto que sejamos nós
E por isso talvez não me conheças assim tão bem
Nem eu a ti, tu que és não sei quem
Não me queres bem
Se não tal coisa não me farias
Pois se me conhecesses saberias o mal que me fazes
Sempre que me deixas
Sempre que me abandonas
Sozinho entre estranhos
Acompanhado por pessoas
Que não são mais do que sombras
Para mim e quem sabe também para ti
Parecem-me apenas ondas, num agitado vai e vem
E por isso talvez não te conheça assim tão bem
Mas será mesmo que alguém poderá conhecer realmente alguém?
Quando descobrir aviso
Com o meu enorme sorriso a acompanhar
Não compreendo esta minha ânsia de contigo as minhas coisas querer partilhar
Não te conheço e penso que tu também não
E por isso não te peço perdão
Peço-te apenas que me confesses
O desprazer que sentes quando estamos sós
Espero que isto fique só entre nós, por enquanto
Porque entretanto irei arranjar maneira de ficar só, acompanhado assim
Por mim, não por ti
Por ti tenho pena
Por ter errado tão prontamente afirmando algo que desconhecia
Porque a ti não te conheço eu assim tão bem
Errar é humano mas nunca fez bem a ninguém
Estranhos é o que na realidade somos
E nada mais poderemos vir a ser
E se sempre ouvi dizer “antes só que mal acompanhado”
Só agora percebi o seu verdadeiro significado

4 comentários:

  1. Mais profundo do que afirmar "grande verdade" é o eco na essência de alguém que reconhece tal desalento em forma de labirinto.

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  2. quem consegue transmitir assim os sentimentos tão profundos e verdadeiros que todos...em alguma vez...sentimos...sem palavras

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  3. "sentimentos tão profundos e verdadeiros", tão difíceis de gerir e digerir, que espero conseguir continuar a transmitir...
    OBRIGADA Texugo!

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