Uma estória clássica começa pois com a colocação de uma questão dramática ao protagonista, à qual ele tenta responder lançando-se num percurso que vai sendo recheado de novas questões dramáticas, e em que a única verdadeira regra é manter o espectador permanentemente curioso acerca do que vai acontecer a seguir. Vimos que para o conseguir o guionista deve apostar em duas coisas: conflito — os obstáculos e dificuldades que o protagonista tem de enfrentar — e surpresas. Pela selecção dessas fontes de conflito e surpresas o guionista cria o enredo da sua estória, ou seja, a sucessão dos acontecimentos necessários e suficientes para a contar.
Vimos ainda que este enredo toma normalmente forma dentro de uma estrutura clássica, que é definida como “o paradigma dos três actos”. Ou seja, a estória é posta em marcha por um determinado acontecimento que lança a questão dramática (o gatilho ou catalizador); arranca a partir do momento em que, no fim do 1º acto, o protagonista decide tomar nas suas mãos a solução do problema (1º ponto de viragem); se desenvolve numa sucessão de passos progressivamente mais difíceis até que, no final do 2º acto, o protagonista se encontra na reta final para a conclusão (2ª ponto de viragem); e termina de forma conclusiva num grande confronto final (o clímax).
Já vimos também, na análise do protagonista, como este é definido pelas suas escolhas. Ou seja, em cada momento da estória, quando confrontado com um obstáculo, uma dificuldade, em dilema, o protagonista tem de escolher um rumo de acção. A opção que toma revela a sua personalidade e influencia o progresso da estória. É isto que define o que eu chamo de “mecanismo de progressão dramática”.
João Nunes
http://joaonunes.com/2009/curso-de-guionismo/curso-rapido-o-mecanismo-de-progressao-dramatica/
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