domingo, 19 de setembro de 2010

TAROT_XI_A Força



Preparou uma dose maior do que a habitual. Sabia o risco que corria e para ter a certeza de que não falhava ainda lhe juntou uns pozinhos mágicos. Gostava de comparar o “chuto” à própria respiração; inspira, expira, inspira, expira – enche a seringa, espeta a agulha no braço, retira um pouco de sangue, injecta.
Os tremores e os suores frios dão lugar ao calor, ao conforto, ao aconchego que ela acha que só deve ser possível sentir no ventre da mãe. É isto que imagina sempre que consome heroína. Voltar ao ventre da mãe e poder ficar lá para sempre é agora o seu maior desejo. E com a dose certa sabe que o irá realizar. Apesar de ser fraca, sente força… e nada mais importa.

Sem comentários:

Enviar um comentário