quarta-feira, 25 de maio de 2011

Uma realidade tornada sonho



Hoje acordei eufórica com o barulho das minhas próprias gargalhadas. Quando a euforia passou e a tomada de consciência de que estava acordada se apoderou do meu consciente assustei-me. Lembrei-me de tudo o que tinha sonhado e as imagens do sonho não paravam de correr pela minha mente fora. Era a continuação do sonho da noite anterior. Fiquei na dúvida se estaria a lembrar-me dos sonhos ou se já os estava a imaginar. Fosse como fosse davam uma boa história. Olhei para o relógio. Eram 03h27 da manhã. Faltava tanto tempo para despertar. Apercebi-me de que continuava com sono. Voltei-me para o outro lado e adormeci, não sem antes pensar no que me tinha feito rir tanto. Com sorte podia ser que lá voltasse.
Ah! E não é que consegui mesmo voltar? Pensei logo que o melhor a fazer seria conter as gargalhadas sonoras para não acordar de novo.
E foi assim:
Estava ao balcão de um dos snack-bares de uma feira popular. Era uma feira fantástica com inúmeros números de circo junto à porta de cada carrossel, junto a cada diversão. Eu estava a delirar de alegria. Nunca tinha assistido a nada assim, nem nos filmes. Era a loucura e parecia tão real que me senti feliz! Do sítio onde estava via a vitrine do snack-bar. Tão alta que deixava ter uma vista desafogada para a praça central da feira, com a sua roda gigante da praxe. E eis que surge novamente o mimo. “Este mimo é um mimo”, foi o que eu pensei assim que entrei na feira e o vi pela 1ª vez. Tinha um sorriso encantador e algo estranhamente familiar. Conquistou-me quando me deu uma pequena flor vermelha assim que passei junto dele. Desde essa altura que tinha passado a manhã inteira a seguir-me. Mesmo quando deixava de o ver, aparecia passado uns momentos nos mais diversos sítios, sempre com o seu sorriso encantador a acompanhar; pendurado num carrossel, empoleirado no cimo de uma árvore, a fingir que bebia água no chafariz. Mas foi a sua aparição no snack-bar que me arrebatou.
Como ele não entrou atrás de mim, ia espreitando lá para fora para ver se o via, mas nada. Até que vi o seu sorriso encantador no canto superior esquerdo da enorme vitrine. Não fazia ideia de como ele tinha conseguido ir lá parar e ele nem me deu tempo para ir lá fora espreitar. A sua cara desapareceu por momentos, aparecendo depois de corpo inteiro junto à vitrine. Começou a andar em frente mas de cara virada para mim, junto à mesma, a acenar com a mão esquerda e a desaparecer, como se estivesse a descer umas escadas. Escadas essas que não existiam. Ficou desaparecido tempo de mais para o meu gosto mas quando apareceu, da mesma maneira como tinha desaparecido, desta vez a subir umas escadas imaginárias, trazia um enorme ramo de flores de plástico que lhe tapavam a cara. Pendurado ao pescoço tinha um cartão gigante que dizia: “De mim para ti”. E foi isso que me fez gargalhar tanto e tão alto, desta vez mais baixinho e contido para não acordar. Saí para a rua. Queria agradecer-lhe. Ouvi uma espécie de sirene ao longe e percebi que era o som do meu despertador. Eram horas de acordar mas não queria. Não podia. Não agora que ia conhecer o meu mimo pessoalmente. O barulho irritante da sirene/despertador parou. Mas comecei a ouvi alguém a chamar o meu nome ao longe. Prestei atenção à voz. Era o meu marido a tentar acordar-me. Não liguei e fui em direcção ao mimo. Assim que cheguei junto a ele deu-me o enorme ramo de flores de plástico. Agradeci enquanto lhe tentava pegar sem o deixar cair. E qual não foi o meu espanto ao ver que o mimo já não tinha a cara pintada. Percebi finalmente porque me era tão familiar e porque me tinha deixado logo cativar pelo seu sorriso encantador. Era o meu marido. Ele sorriu-me e disse “Amo-te” muito devagarinho, para eu perceber, porque não saia som nenhum da sua boca. Ouvi gritos ao longe a chamarem por mim. A voz do meu marido insistia em tentar acordar-me mas já não era preciso. Ele estava ali comigo, naquele lugar fantástico. Ignorei a sua voz e beijei o mimo. O tempo pareceu parar e…
Querem saber o que aconteceu a seguir? Não posso contar mais. Apenas vos posso dizer: Tentem tornar os vossos sonhos realidade, mas ao contrário.

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